O Sínodo dos Influenciadores: 67% dos católicos digitais querem mudanças
No documento enviado à Secretaria-Geral do Sínodo, o continente virtual é reivindicado como um "canal formativo de valor e futuro" que pode servir como uma ponte para "aproximar os distantes". Ao mesmo tempo, as redes sociais também levantam a necessidade de implementar "uma pastoral digital de forma orgânica, sistemática e institucional" que promova a comunhão, a participação e a missão.
Enviados como catequistas
Além disso, propõe ainda "o desenvolvimento de uma reflexão teológica e o arcabouço jurídico do Direito Canônico", além do fato de que os 'influenciadores' se sentem oficialmente convocados e enviados "como é feito com catequistas, para que sejam e se sintam parte do Corpo e da Missão da Igreja".
"A web nos permite alcançar as dobras de tantas vidas do Povo de Deus que mostram sentir-se perdidos", diz um texto que apresenta a cultura digital como "um ponto de encontro, como meio de diálogo, como forma de educar e informar".
Pesquisa Global
Em apenas dois meses e meio, mais de 110.000 questionários foram preenchidos com mais de 150.000 propostas sinodais. No total, a consulta foi desenvolvida em 7 idiomas com a presença de 115 países e o apoio de 244 especialistas em redes sociais. Desses 244 influenciadores, 27% são padres; 10% religioso; e 63% são catequistas e leigos comprometidos.
Junto com eles, tanto batizados quanto não crentes também foram pesquisados, com uma medida de idade inferior a 40 anos. Destes, 84% dizem ter tido um encontro pessoal com Deus, 66% vão à missa, dos quais um em cada três segue um evangelizador católico.
Entre a novidade e a tradição
Mas qual é o principal reflexo dessa consulta? 67% dos habitantes católicos dos "espaços digitais" consultados querem mudanças como as propostas pelo Papa; 24% são neutros às propostas do Papa, e 9% divergentes ou abertamente contrários, em consonância com um retorno determinado à tradição pré-conciliadora.
As 150 mil propostas lançadas poderiam ser agrupadas em quatro eixos temáticos, entre os quais destaca-se o pedido de 37% deles que querem "uma Igreja exemplar e corajosa em suas estruturas, atitudes e uma forma de proceder". Nesse sentido, as redes sociais pedem "padres e bispos mais próximos e abertos à participação", bem como um diálogo com a sociedade "sem preconceitos".
Realidade confusa
26% dos participantes da pesquisa virtual exigem que a instituição influencie sua missão de "orientar uma realidade confusa e mudança acelerada" tendo o Papa como uma figura de referência. "O pedido de não julgar, em particular pessoas em situações de parceiros irregulares, ou por sua orientação sexual, é constantemente repetido, defendendo a dignidade de cada pessoa, como Jesus fez", está incluído no documento unificador, onde é chamado a responder a essa encruzilhada "com a capacidade de diálogo e de prover a verdade de Cristo".
Nessa mesma linha, os entrevistados pedem "para falar e agir claramente diante do que parece ser injustificável, como pedofilia, abuso sexual, desprezo por mulheres, corrupção, etc.".
Missas Chatas
Para 20%, é urgente "facilitar a relação pessoal e comunitária com Deus". Na verdade, eles descrevem as massas como "chatas" confiando que os eucaristias podem se tornar locais de encontro que "iluminam e acompanham a vida".
Cerca de 17% veem a necessidade de "cristãos mais autênticos em seus comportamentos com os outros, enfatizando a solidariedade como característica a ser reforçada, do respeito à diversidade eclesial, "tentando não impor seu próprio estilo". Ao mesmo tempo, há também uma demanda por um maior compromisso com o cuidado do planeta pelos mais jovens.
Debate sexual
Este fórum virtual, como aponta o documento, também revela como "debates sobre o exercício da sexualidade (separados/divorciados e casados novamente, pessoas com atração do mesmo sexo, etc.), geram intensos conflitos entre católicos com interpretações diferentes".
A pesquisa também perguntou sobre os valores com os quais os internautas associam a Igreja. Entre os pontos positivos, destacam-se a solidariedade, seguida de proximidade e participação. No entanto, as menções negativas, que estão presentes em metade dos consultados, falam de uma Igreja "antiga, distante, egoísta e autoritária".
Caminhando juntos
Os organizadores da pesquisa apresentaram aos participantes treze sugestões para o futuro para tornar realidade a "caminhada em conjunto" solicitada pelo Papa. De acordo com o grau de importância, a síntese destaca três demandas principais:
Fomentando a espiritualidade: silêncio, contemplação
Acompanhante-Assist-Atendimento: para casais, famílias, pessoas separadas/divorciadas, em sua vida e sexualidade; pobres, migrantes, grupos LGBT, grupos étnicos originais, prisioneiros, etc.
Renew-go-out:atualize sua maneira de educar em todos os níveis. Promover o voluntariado e atividades com os jovens. Promover a igualdade das mulheres na sociedade e na Igreja, participar mais do mundo digital. Pontos de encontro com jornalistas e cientistas.