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Reserva Morro Grande

Reserva do Morro Grande: mais uma etapa de nossa ação missionária em defesa da Casa Comum

A Reserva do Morro Grande possui uma riquíssima biodiversidade, sendo também garantidora de serviços ecossistêmicos essenciais para a metrópole, com destaque para os seus mananciais, que garantem abastecimento hídrico para cerca de 400 mil pessoas.
 |  Thiago Donnini, advogado e membro da Rede de Animadores(as) Laudato Si´  |  Diocese
Foto: Unplash

Na mensagem pelo 10º Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, divulgada no último dia 2 de julho, o Papa Leão XIV nos recorda que a justiça ambiental não é apenas uma urgência ecológica, mas também uma exigência espiritual, social e humana. “Em Cristo, somos sementes, sementes de paz e esperança”, afirma o Papa, conclamando os cristãos a “cultivar e guardar o jardim do mundo”.

Nesta direção, a  Igreja presente no território da Diocese de Campo Limpo tem, há décadas, construído uma persistente ação missionária, de modo especial na preservação da Reserva Florestal do Morro Grande. Situada nos limites do território diocesano, a Reserva constitui o maior maciço contínuo de Mata Atlântica na Região Metropolitana de São Paulo, com cerca de cem quilômetros quadrados. Ela possui uma riquíssima biodiversidade, sendo também garantidora de serviços ecossistêmicos essenciais para a metrópole, com destaque para os seus mananciais, que garantem abastecimento hídrico para cerca de 400 mil pessoas.

Nossa ação missionária tem um marco decisivo nos anos 1970, quando os padres de Embu mobilizaram agricultores e comunidades locais contra o projeto de construção de um aeroporto que poderia ameaçar gravemente a integridade ambiental da Reserva. A articulação da Igreja foi fundamental para barrar o empreendimento, como foi noticiado pelo jornal Folha de S.Paulo na edição de 23 de janeiro de 1978. Esse movimento culminou na promulgação da Lei estadual 1.949/79, que instituiu oficialmente a Reserva e garantiu sua primeira forma de proteção legal.

Embora relevante, essa proteção revelou-se, com o passar do tempo, insuficiente — tanto diante do avanço das normas ambientais nacionais e internacionais quanto diante das pressões crescentes sobre o território da Reserva. Assim, nos últimos anos, a Igreja renovou seu compromisso com essa pauta através da mobilização de paróquias, instituições e movimentos sociais presentes nas foranias de Embu das Artes e Itapecerica da Serra.

Em sintonia com esse esforço, o deputado estadual Eduardo Suplicy apresentou, no último dia 1º de julho, um projeto de lei na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) propondo a transformação da Reserva do Morro Grande em Parque Estadual, medida que, se aprovada, poderá assegurar um regime jurídico mais robusto e compatível com os desafios atuais do território. A proposta busca compatibilizar a proteção integral da flora, da fauna, dos recursos hídricos e dos atributos paisagísticos da Reserva com a promoção de atividades educativas, científicas e recreativas.

Ao defender a proposta no plenário da Alesp, Suplicy destacou a atuação da Pastoral da Ecologia Integral da Diocese de Campo Limpo como uma das forças mais atuantes na mobilização pela proteção da área. Inicia-se agora, portanto, uma nova etapa dessa longa caminhada de fé, resistência e compromisso com a Casa Comum. Esperamos que a Igreja se mantenha unida nesse propósito e que as autoridades se mostrem sensíveis ao apelo de maior proteção para a Reserva Florestal do Morro Grande e para as áreas de mananciais.