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Setembro Amarelo

Setembro Amarelo: Promoção da Saúde Integral

As forças sociais sempre estão presentes na origem e na manutenção das doenças mentais, pois, desde nossa constituição, somos essencialmente sujeitos sociais.
 |  Pe. Alfredo César da Veiga  |  Diocese

Desde 2013, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) dedica o mês de setembro à campanha Setembro Amarelo, focada na conscientização para a prevenção do suicídio. Em 2024, o tema escolhido é "Se precisar, peça ajuda", destacando a importância de buscar apoio para compreender e aceitar a vida em sua totalidade, evitando o desespero e a desesperança. Essa atitude reflete a saúde mental, que se manifesta na capacidade de aceitar os altos e baixos da vida, mantendo um estado de calma relativa. Esse equilíbrio é sinal de sabedoria e de saúde emocional.

Ser saudável, nesse contexto, não se limita à ausência de doenças ou incapacidades. Envolve a capacidade de perceber e interpretar a própria realidade. Por outro lado, a "doença" é vista como a falta dessa percepção, quando o indivíduo não consegue reconhecer ou interpretar adequadamente o próprio corpo, por não conseguir fazer uma leitura satisfatória da realidade em que vive. O suicídio, assim, constitui o extremo da não percepção eficaz, o resumo do desespero resultante do não comprometimento com a decifração da vida. 

Por muito tempo, a saúde mental foi vista como uma responsabilidade exclusiva do indivíduo, o que frequentemente resultava na culpabilização de quem apresentava sinais de transtornos, rotulando-os como depressivos, insanos, ou doentes mentais. Nesse cenário, a resposta predominante tem sido reduzir o sujeito a uma dimensão puramente biológica, o que leva a uma abordagem centrada na medicalização dos problemas. Essa perspectiva ignora o papel fundamental que o contexto social desempenha no processo de adoecimento, deixando de considerar fatores sociais e ambientais que contribuem significativamente para a saúde mental. 

As forças sociais sempre estão presentes na origem e na manutenção das doenças mentais, pois, desde nossa constituição como seres humanos, somos essencialmente sujeitos sociais, em constante interação uns com os outros. Essas interações, ao longo do tempo, moldam quem somos, com quem nos identificamos e quem nos tornamos. Desse modo, não são apenas os encontros considerados positivos que influenciam nossa formação, mas também aqueles que geram atritos, que nos ferem e causam sofrimento. Esses encontros desafiadores são igualmente fundamentais na construção do nosso caráter e na nossa constituição enquanto indivíduos, pois nos permitem desenvolver uma compreensão mais profunda sobre nós mesmos e, consequentemente, auxiliam na configuração do nosso Eu e nossa postura em relação ao mundo em redor.

A nossa diocese foi pioneira em relação à preocupação com a saúde integral do clero. Dom Valdir, acertadamente conseguiu visualizar que somente padres satisfatoriamente felizes podem exercer com amor e dedicação seu ministério entre o povo cristão. Para isso, constituiu um grupo formado por sacerdotes com graduação em psicologia e devidamente inscritos no respectivo Conselho de Psicologia a fim de pensar estratégias que favoreçam um clima de confiança, onde todos possam se expressar livremente. Os lugares de fala são condição indispensável para a geração de espaços de confiança mútua e, portanto, para a saúde física, psíquica e emocional. Restituir esses espaços é promover a saúde integral.