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Pastoral da Escuta

Curso de preparação para “A arte da Escuta”

A Escuta é um serviço de doação, no qual voluntários oferecem um pouco do seu tempo para, de forma livre e voluntária, acolher, escutar e compreender o carente de voz, partilhando e colaborando na solução de suas agonias.
 |  Marcelo Galvão  |  Diocese

Escutar com o coração é a atitude de uma pessoa nobre, amorosa, compassiva. Se olharmos em nosso derredor, poderemos notar que há, todos dias, milhões de pessoas que sofrem em silêncio. Todas anseiam por ser ouvidas. Mas o caos, a confusão, o ruído, acabaram por causar muita surdez interior. E também nós – em detrimento da capacidade de empatizar, sentir, escutar, ouvir – acabamos por somente ouvir alguns sons... Será que realmente escutamos? E como escutar, ouvir, com o coração?

Papa Francisco

O apelo para escutar com o ouvido do coração nos vem do Papa Francisco, na carta que escreveu para o 56o Dia mundial das Comunicações, em maio de 2022.

Em alguns momentos nos faltam algumas habilidades de vida. Isso nos leva a entrar em crises de insatisfação conosco, com os outros ou com o mundo. Às vezes, parece-nos que a falta é externa e buscamos sempre coisas e mudanças fora de nós, ou em outras pessoas. Mudamos de emprego, de casa, de cidade, de parceiros. Compramos carro, roupa, equipamentos. E, ainda assim, a falta persiste. Então nascem a ansiedade, angústia e a confusão. Nos sentimos perdidos.

Precisamos de pessoas significativas que tenham habilidades para estabelecer uma relação saudável e construtiva.  Precisamos de pessoas capazes de expressar afeto e transmitir mensagens de amor incondicional. Não temos a experiência de ser amados. Aprendemos que só seríamos amados se preenchêssemos determinadas condições impostas pelos adultos: “Se você fizer isso, se você fizer aquilo... Se Você não fizer aquilo outro...". Você seria amado desde que fizesse determinadas coisas, e seu valor como pessoa não estava em simplesmente ser quem era, mas em fazer o que esperavam que fizesse – em ações que deveria executar para atender as expectativas dos outros. Não tendo sido realmente amado, não aprendeu a se amar.

Em meio a confusão e ansiedade, não sabemos o que nos falta. Pode ser física, emocional e afetiva, profissional, intelectual ou espiritual. Podemos estar ansiosos, angustiados, sem nem mesmo saber por quê; podemos estar nos sentindo em desarmonia com o mundo que nos cerca, incapaz de nos ajustar as situações do dia-a-dia. Nosso relacionamento consigo mesmo e com os outros pode estar insatisfatório. Podemos estar convivendo mal com as pessoas da família, com os colegas de trabalho; pode estar se sentindo sozinho, sem amigos. Nesta hora precisamos encontrar uma pessoa que faça aquilo que nunca fizeram antes - alguém que sintonize conosco e que respeite a nossa experiência, de modo a explorar onde estamos; alguém que nos leve a compreender nossa própria contribuição a nossos problemas e a identificar onde queremos chegar; e alguém que possa nos orientar, ajudando-nos a encontrar maneiras de chegar lá.

Essa falta de habilidade para a vida é a fonte da insatisfação e infelicidade que nos acompanham pela Vida afora, até o dia em que decidimos pedir ajuda. Para isso, é preciso que haja uma predisposição interna para ser ajudado. Ou seja, só pode receber ajuda quem admite que realmente precisa ser ajudado. Se é esse o caso, é hora de pedir socorro.

“O Caos dentro e fora de nós. O vertiginoso aumento de separações entre casais e famílias também representa uma prova do preço que pagamos por nos recusarmos a escutar, em nível individual, familiar, social e internacional. Cada um à sua maneira, muitos de nós permanecem surdos aos gritos daques que os rodeiam. Entorpecidos pelo barulho, nos tornamos insensíveis aos soluções de angústia, numerosos demais para serem contados e ficamos surdos, tanto externa quanto internamente. Na realidade, vivemos isolados em nossos pequenos túmulos de silêncio e nos sentimos cada vez mais à vontade com a quietude mortal que habita dentro de nós.”

Papa Francisco

É comum que nestes momentos as pessoas procurarem a Igreja. Acreditam que só o Padre pode tirar “magicamente” tudo o que está ruim e resolver seus problemas. Entretanto nem tudo é da esfera espiritual, há necessidade de escuta e acolhimento, isso exige tempo e concentração. Os leigos paroquianos podem se preparar para oferecer este serviço, apoiando os trabalhos da Igreja e dos Padres.

O ajudador precisa ter disponibilidade interna para ajudar o outro e para ama-lo no decorrer do processo de ajuda. Sem isso, nenhuma habilidade interpessoal é efetiva, da mesma forma que nenhum amor é suficiente para ajudar quando não foram adquiridas as habilidades necessárias ao processo.

No projeto IntegraAção, desenvolvemos um Programa de desenvolvimento para a “Arte da Escuta” Destinado a leigos que queiram desenvolver habilidades para estabelecer relações de ajuda significativas. Relação de ajuda não é dar palpites ou sugestões, não nos cabe consolar ou evitar sofrimento. A ajuda, fundamentalmente, acolhe o sofrimento, a dor, a dúvida e impressões. O ajudador, através de perguntas e observações, oferece suporte para que o ajudado organize sua mente e coração para poder tomar decisões. (Curso em 8 módulos de 2 horas)

As pessoas se tornam importantes, não pela aparência física, sexo, idade, profissão, conhecimentos ou parentesco; sua importância reside, em características pessoais ou "traços de personalidade” que deram direção ao relacionamento que ela manteve com você. Talvez você goste de uma pessoa humana e calorosa; como uma pessoa acolhedora, compreensiva, estimulante; ou, quem sabe, alguém que sabia escutar muito bem, compreender muito bem; alguém que seja capaz de perceber sua aflição e sintonizar com você sem que uma única palavra fosse dita.

Uma pessoa significativa em nossa vida costumam ser alguém que possuía, em alto grau, o que chamamos de habilidades interpessoais - como o próprio termo indica, habilidades entre pessoas, aquelas habilidades que nos permitem um relacionamento integral e construtivo com o outro.

A proposta de estruturar uma Pastoral da Escuta, visa preparar paroquianos para oferecer um tempo para conversar com as pessoas que procuram a igreja necessitando de algum apoio. A Secretaria recebe as pessoas e as solicitações, separa o que seria necessário encaminhar para o Padre, se for algo fora da esfera espiritual, pode oferecer às pessoas a possibilidade de uma ajuda para pensar a vida ou a situação.

Os objetivos do curso:

  • Identificar habilidades interpessoais necessárias em uma relação de ajuda
  • Desenvolver recursos técnicos e habilidades interpessoais que apoiem a construção de confiança
  • Estruturar as fases de uma relação de ajuda
  • Praticar técnicas de aconselhamento e acolhimento
  • Avaliar os efeitos que produzem nas pessoas conforme a forma que são escutados

A cada habilidade do ajudador corresponde um comportamento do ajudado. Tanto essas habilidades quanto os comportamentos obedecem a uma certa sequência, de tal modo que uns se tomam pré-requisitos para os outros.

Observando-se melhor as diversas fases do processo de ajuda, fica mais fácil compreender, por exemplo, por que os "conselhos" (orientar) nem sempre funcionam. Isso ocorre porque esses foram oferecidos sem a necessária base de compreensão por parte das pessoas.

Por outro lado, ao final de uma fase do processo quando o ajudado age em alguma direção, todo esse processo se recicla novamente: os resultados de sua nova ação se tornam os dados para o começo de mais um ciclo, em que ele vai explorar esses dados, compreendê-los e agir novamente - e assim sucessivamente, até que ele se sinta em condições de andar por si mesmo.

Em outras palavras, o final do processo de ajuda ocorre quando o ajudado se torna seu próprio ajudador - ele é capaz de sintonizar consigo mesmo, se responder, personalizar sua experiência e se orientar. Enfim, ele já sabe dizer aquilo que o ajudador fez com ele ao longo de todo o processo de ajuda.

Por que este tipo de escuta é tão importante? O que isso realmente significa? Na teoria da comunicação, a ação comunicativa só se completa quando a mensagem é compreendida. O simples ato de enviar uma mensagem, de dizer ou escrever algo, não é comunicação. A comunicação é um processo de mão dupla: só se dá quando o "ciclo" se completa.

Papa Francisco

 

Increva-se: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSe27qyS02ar-Z_Y9n-Qilj_lCS_dPdRK-xESci9ZkzJZL7L-w/viewform