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CLERO DIOCESANO

Clero Diocesano se reúne para formação sobre fenômeno do suicídio

Pouco discutido, o tema do suicídio se tornou urgente no Brasil a partir do crescente número de suicídios entre os membros do clero.
 |  Pe. Rodrigo Antonio  |  Diocese

Entre os dias 21 e 24 de fevereiro o clero da Diocese de Campo Limpo esteve reunido em Aparecida (SP) para a Atualização Teológico-Pastoral que teve como temática o suicídio no clero e em outras instâncias da sociedade.

O encontro foi conduzido pelo padre Lício de Araújo Vale, pertencente ao clero da Diocese de São Miguel Paulista. Padre Lício é qualificado em Suicídio e Automutilação pela UNIPAR, especializado em Prevenção ao Suicídio pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pesquisador sobre luto e valorização à vida, educador e palestrante. Tal enfoque nas questões relacionadas ao suicídio teve por motivação uma questão familiar: o suicídio de seu próprio pai, que provocou uma série de consequências para a vida da família. “No dia 28 de abril de 1970, sem falar nada a ninguém, meu pai beijou minha mãe e saiu de casa para trabalhar. No caminho, jogou- se debaixo de um caminhão”, descreveu padre Lício, ao contar a história aos padres no encontro em Aparecida. O relato também está no livro ‘E Foram Deixados Para Trás: uma reflexão sobre o fenômeno do suicídio’, lançado pelo padre em 2018.

A questão do suicídio é ainda um tema considerado tabu por boa parte da sociedade, embora seja uma das principais causas de morte no país. Segundo o anuário de brasileiro de segurança pública, em 2020 foram registrados no país 12.895 suicídios. “O número pode ser maior, uma vez que nem todos os casos são registrados como suicídio”, afirma padre Lício. Segundo o Ministério da Saúde, entre 2010 e 2019 ocorreram no país 112.230 mortes, sendo a quarta maior causa de mortes de jovens de 15 a 29 anos de idade.

Entre o clero católico o fenômeno tem chamado a atenção nos últimos anos por conta do aumento expressivo de padres que deram fim à própria vida. Apenas em 2021 foram nove presbíteros no Brasil, alguns deles com poucos anos de ministério ordenado. O fenômeno não é exclusivo do Brasil: na Irlanda, desde 2017 houve a criação de uma linha de telefone confidencial para de assistência aos padres que precisam de apoio.

Em 2008, o ISMA Brasil (International Stress Management Association), organização de pesquisa e tratamento do estresse, apresentou dados surpreendentes sobre a vida dos padres: o sacerdócio católico é uma das atividades profissionais mais estressantes da atualidade, superando outras categorias, como os policiais, empresários e motoristas de ônibus.

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Padre Lício durante a Atualização do Clero da Diocese. — Imagens: Pe. Rodrigo Antonio.

Apresentando estes e outros dados, padre Lício conduziu o encontro de forma que alguns padres se sentiram seguros para relatarem situações delicadas que viveram a respeito do suicídio. Se o suicídio em geral já provoca efeitos avassaladores no âmbito familiar, no clero o efeito é ainda maior, por se tratar de uma pessoa pública e de fé. O padre é visto como alguém sempre forte, como uma espécie de super-herói.

Esta figura, que está presente no imaginário de boa parte dos fiéis, dificulta a busca de ajuda, uma vez que nem sempre a manifestação de fraquezas, por parte dos padres, é bem acolhida pelas pessoas em geral.

Segundo padre Lício, embora o suicídio possua diversas causas e seja um fenômeno complexo, na vida do clero existem alguns fatores que desencadeiam a ideia do suicídio como uma solução para pôr fim ao sofrimento vivido. Depressão, cobranças excessivas, acúmulo de funções, pouco lazer e a falta de amizades são elementos que disparam o gatilho para um caminho que pode levar ao adoecimento e ao fim da própria vida. 

Padre Lício motivou o clero a buscar ajuda, quando necessário: “Cuidem de vocês mesmos! Busquem ajuda, não tenham vergonha”. “É preciso buscar a ajuda de um profissional da saúde de mental para poder lidar com a dor, com a perda e com o luto. Busque também direção espiritual, procure por um outro sacerdote para receber ajuda e apoio espiritual”. O tema deixa claro que mesmo os que se ocupam em cuidar dos outros, também precisam de cuidados.


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