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Ano Jubilar

Segunda Missa Jubilar da Matriz São José da Paróquia Imaculada Conceição foi celebrada pelo padre Eduardo Joseph

Na vivência das comemorações do jubileu de ouro da Comunidade São José, Matriz da Paróquia Imaculada Conceição, presidiu a Eucaristia, no dia 19 de abril do ano corrente, o padre Eduardo Joseph MacGettrick.
 |  Padre Rodolfo Marinho e Ricardo Queiros  |  Paróquias

Na vivência das comemorações do jubileu de ouro da Comunidade São José, Matriz da Paróquia Imaculada Conceição, presidiu a Eucaristia, no dia 19 de abril do ano corrente, o padre Eduardo Joseph MacGettrick, missionário de São Patrício, que, esteve à frente da Paróquia Santos Mártires por mais de 30 anos juntamente com o saudoso padre Jaime Crowe. Deste período, foram eles os responsáveis pela Comunidade São José, até o desmembramento desta e de outras comunidades que formam a Paróquia Imaculada Conceição.

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Comunidade reunida e feliz com as celebrações que culminarão na comemoração do jubileu de ouro. — Imagem: Pascom Paroquial.

Missa

Encontrar-se com padre Eduardo é sempre muito gratificante, pois é um sacerdote simples e muito afetuoso, prova disto é que ele chegou para a celebração da Eucaristia cerca de 45 minutos do seu início e se manteve neste período acolhendo e cumprimentando a todos que chegavam.

Nesta Eucaristia, além dos paroquianos, se fizeram presentes muitos irmãos e irmãs de outras comunidades originárias da Paróquia Santos Mártires que vieram celebrar e prestigiar esta Eucaristia jubilar. 

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Padre Eduardo celebra segunda missa das comemorações do ano jubilar da paróquia. — Imagem: Pascom Paroquial.

Em sua homilia fazendo referência à primeira leitura do dia (Cf. At 5,17-26), ressaltou a importância dos padres que passam pela comunidade, bem como dos fiéisem seus respectivos papéis de levar e falar da Palavra de Deus. Como esperado, lembrou de seu companheiro na missão, Pe. Jaime, afirmando que ele combateu o bom combate e guardou a fé. Relembrou com carinho alguns momentos importantes e felizes que viveu na Comunidade, mencionando alguns sacerdotes e leigos que ali atuaram, muitos dos quais já falecidos e expressou uma alegria imensa que não era capaz de descrever por estar ali.

Como é impossível falar do padre Eduardo e não pensar no padre Jaime e vice-versa, a comunidade preparou uma singela homenagem aos dois, agradecendo-os a preciosa colaboração ofertada nos anos em que atuaram na região.

O atual pároco, padre Rodolfo Marinho de Sousa, agradeceu a presença do sacerdote, bem como de todos os que se fizeram presentes na Missa e afirmou a importância de estarmos celebrando o ano jubilar, pois é um marco de cinquenta anos de presença da Igreja no Jd. Nakamura, da qual se deve muito a estes missionários irlandeses.

Entrevista: missão, vocação, recordações, desafios, conquistas, alegria e gratidão

Após a Missa, padre Eduardo concedeu entrevista à PASCOM paroquial onde lembrou que chegou ao Brasil em 1974, primeiramente na cidade de Embu das Artes, onde permaneceu durante oito anos, e oito anos depois a pedido de Dom Fernando Penteado, então Bispo responsável pela região episcopal de Itapecerica da Serra, solicitou a ele e ao Pe. Jaime que fossem trabalhar na região do Jd. Ângela. Nesta época, a Comunidade São José pertencia a Paróquia Nossa Senhora das Graças em Vila Remo.Com a chegada deles à região a Paróquia Santos Mártires foi desmembrada da Paróquia Nossa Senhora das Graças, compreendendo os bairros do Jd. Ângela, Alto da Rivieira, Jd. Herculano, Jd. Nakamura, Pq. Novo Santo Amaro, Jd. Ranieri, etc. Nesta época o único lugar adequado para a oração que existia era a pequenina capela do Jd. Nakamura, que estava aos cuidados do já falecido Frei Airton P. da Silva, que vinha celebrar esporadicamente. À chegada dos padres Eduardo e Jaime não havia ainda a Matriz da Paróquia Santos Mártires, nem casa onde pudessem residir, a população não era numerosa como atualmente, e o apostolado iniciou-se através das visitas às famílias e a fundação de comunidades nos bairros vizinhos que hoje formam diversas Paróquias da região, inclusive a Paróquia Imaculada Conceição.

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Padre Eduardo relembrou que os grandes desafios vividos na região e a felicidade de estar de volta. — Imagem: Pascom Paroquial.

Padre Eduardo relembra que os grandes desafios que teve foi o aprendizado do português e a adaptação com a cultura do país, mas que aprendeu a amar o “jeito do brasileiro”, e embora seja padre missionário da Sociedade de São Patrício e irlandês, hoje se define mais brasileiro do que irlandês e afirma amar profundamente o Brasil, tanto que, após entregar os cuidados da Paróquia Santos Mártires e passar um período na Irlanda, decidiu retornar ao Brasil para se dedicar no trabalho com pessoas com deficiência ligado à Sociedade Santos Mártires.

Quando questionado sobre as lembranças que traz da Comunidade São José, ele se lembrou com carinho dos catequistas, dentre eles, a Sra. Conceição e o Sr. José de Sousa, já falecidos, que dedicaram a vida para aquela comunidade, a fim de que ali estivesse a presença do amor de Deus, uma ajuda preciosa para que os padres cumprissem sua missão, pois a Paróquia era constituída por muitas comunidades. Com a oportunidade de regressar à Comunidade São José para presidir uma das celebrações jubilares programadas,afirmou estar muito feliz por ver o povo reunido junto ao pároco e parabenizou toda a Comunidade pelo empenho em seguir a missão.

É praticamente impossível não lembrar dos padres Jaime e Eduardo quando falamos da região do Jd. Ângela, por isso quando questionado sobre os desafios que encontraram ali no exercício do ministério, uma vez que a região já havia sido considerada a mais violenta do mundo, recordou-se de que o grande número de enterros de jovens que estavam acontecendo lhes chamou atenção, e que certa vez passando por uma certa rua viu caído à porta de um bar uma pessoa morta e que as pessoas que estavam no bar seguiam bebendo e os transeuntes passavam praticamente por cima daquele morto, fazendo pouco caso, como se fosse um animal morto que havia sido deixado ali. Aquela cena o marcou profundamente e levou-o a refletir sobre o que poderia ser feito para mudar aquelas situações. Tal pergunta se estendeu aos habitantes da região, e desta experiência nasceu a caminhada pela vida e pela paz no dia de Finados em direção ao Cemitério São Luís, que na época era considerado o cemitério dos pobres e onde todos os dias, ele e o Pe. Jaime se faziam presentes para acompanhar sepultamentos de jovens. Pe. Eduardo conta que diante da proposta da caminhada para o cemitério, Pe. Jaime disse apenas “Vamos! Seja o que Deus quiser!” e que pensava que na caminhada iriam apenas ele, o Pe. Jaime e algumas pessoas da Paróquia, mas que a caminhada chegou a ter uma adesão de cerca de 60.000 pessoas.

Vieram outras iniciativas comoo Fórum em Defesa da Vida, a Sociedade Santos Mártires, com inúmeros projetos sociais, e, ainda os padres Eduardo e Jaime auxiliaram e motivaram a fundação de inúmeras ONG’s, escolas, postos de saúde e o Hospital M’Boi Mirim. Todoesse esforço se tornou uma grande força de transformação na região que afastou a violência, graças a organização que a Igreja estava fazendo através das comunidades eclesiais de base e grupos de rua. Emocionado, Pe. Eduardo lembra que era o Pe. Jaime que sempre esteva à frente de tudo, dando sua cara e coragem, para enfrentar inclusive os traficantes da região.

Por fim, padre Eduardo não conseguiu colocar em palavras a emoção de voltar à Comunidade São José, a não ser a alegria de ver que o trabalho no qual colaborou por tantos anos seguiu em frente e usou uma imagem significativa: “deixamos sementes, elas brotaram e agora existem flores” e despedindo-se disse: “que Deus abençoe vocês e que vocês continuem o trabalho e podem contar comigo, sobretudo no trabalho que estou desenvolvendo atualmente junto às pessoas com deficiência”.