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Testemunho de Missão

Padre Laerte participou de ação missionária em Barco Hospital Papa Francisco

Ao longo desses cinco anos, a embarcação realizou 477.879 atendimentos em 100 expedições, passando por 18 municípios das regiões do Baixo Amazonas, Calha Norte, Xingu e Tapajós.
 |  Andrea Rodrigues  |  Paróquias
Fotos: Arquivo Pessoal

O Barco Hospital Papa Francisco, que recentemente completou cinco anos de operação, tem como missão levar atendimento de saúde a comunidades ribeirinhas de difícil acesso em diversas regiões do Pará. Esse projeto, uma parceria entre a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) e a Associação Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus, oferece assistência por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Ao longo desses cinco anos, a embarcação realizou 477.879 atendimentos em 100 expedições, passando por 18 municípios das regiões do Baixo Amazonas, Calha Norte, Xingu e Tapajós.

O Barco Hospital conta com uma estrutura completa, realizando consultas médicas, exames laboratoriais e de imagem, distribuição de medicamentos, internações e cirurgias de baixa e média complexidade. Cada expedição envolve cerca de 40 profissionais, incluindo médicos de várias especialidades como clínica geral, oftalmologia, pediatria e radiologia, além de equipes de apoio locais. Os profissionais também adaptam o atendimento conforme as necessidades da comunidade.

Essa iniciativa reflete a importância de levar saúde e esperança a locais de difícil acesso, garantindo que essas comunidades tenham o suporte necessário para melhorar sua qualidade de vida.

Entre os participantes está o padre Laerte Soares Rosa, pároco de Santa Edwiges e São Miguel Arcanjo, que, como cirurgião-dentista, participou pela primeira vez da expedição este ano e destacou o caráter missionário da ação, que vai além dos cuidados médicos e atinge as necessidades humanas mais profundas dessas populações isoladas.

Qual a sua visão em relação ao Barco Hospital Papa Francisco e qual o impacto que ele tem?

O Barco Hospital é um grande milagre, um verdadeiro sonho de levar assistência a todos. Como Igreja, sempre nos perguntamos como chegar até essas comunidades tão isoladas, e a ideia de ter um barco que leve atendimento é fantástica. Estar a bordo e ver de perto o impacto dessa ação é emocionante. O barco traz esperança, cura, atendimento, cuidado e zelo para essas pessoas que vivem tão distantes.

Como profissional da área de odontologia, fiquei impressionado com a estrutura, que é muito bem equipada, inclusive para exames de imagem. Em uma semana, foram realizados 400 atendimentos odontológicos por apenas dois dentistas, o que é maravilhoso. A cada quinze dias, o barco parte em missão para comunidades tão distantes que, às vezes, são necessárias até 15 horas de navegação de Santarém até o destino, e eles ainda dizem que essa é uma "comunidade próxima". Imagine, então, as comunidades ainda mais afastadas.

Ao ver de perto a necessidade desse povo, percebemos que muitos casos exigiriam tratamentos longos, mas, ali, realizamos intervenções imediatas. Mesmo assim, alguns casos precisam ser encaminhados para os municípios, para que o tratamento tenha continuidade.

Como padre, o que este agir missionário representou na sua missão evangelizadora?

Quando somos ordenados, temos um ideal na cabeça do que é ser padre, mas, ao nos depararmos com a realidade, percebemos que fomos ordenados para servir. Para mim, foi uma grande realização entender que Deus me colocou naquele lugar como parte de um verdadeiro chamado. Eu não poderia estar em outro lugar, e isso alimenta profundamente a minha vocação, confirmando o que Deus me chamou para ser. Como padre, senti-me extremamente útil naquela região.

Aqui, na cidade grande, temos uma paróquia a cada quilômetro, e, embora sejamos poucos padres para uma população tão grande, Jesus e a Eucaristia, o alimento que dá vida, são acessíveis. Já nas comunidades ribeirinhas, a realidade é diferente: o padre chega com muita dificuldade e de tempos em tempos. No entanto, essas comunidades nos dão um grande exemplo, pois são extremamente organizadas e ministeriais. O leigo assume seu papel na Igreja, vivendo a comunhão de forma ativa, não apenas quando vão à igreja, mas no dia a dia, como comunidade. Eles mostram, com seu testemunho, que são uma verdadeira comunidade onde quer que estejam, sempre convivendo de forma muito próxima.

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