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Assembleia das Igrejas

Comunidades Eclesiais Missionárias: evangelização à luz dos Documentos da Igreja

A Assembleia das Igrejas Particulares (AIP), iniciativa do Regional Sul 1 da CNBB, aconteceu entre os dias 14 e 16 de outubro, junto ao Santuário Nacional, dedicado à Padroeira do Brasil.
 |  Regional Sul 1 / CNBB  |  Igreja no Brasil
Foto: Andrea Rodrigues

A Assembleia das Igrejas Particulares (AIP) alcançou sua 43º edição no contexto das comemorações pelos 70 anos de fundação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dos 60 anos de abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II e dos 15 anos da realização da Conferência de Aparecida. E foi exatamente junto à Padroeira do Brasil, no Santuário a ela dedicado no Vale do Paraíba, que representantes de seis arquidioceses e de 36 dioceses revisitaram a história da Igreja para fortalecer uma metodologia pastoral: a das Comunidades Eclesiais Missionárias (CEM´s).

Segundo o assessor da formação, o religioso passionista, Pe. José Carlos Pereira, as CEM´s não são uma completa novidade, mas a “ressignificação” das práticas que, anteriormente, foram chamadas de Setores, Células, Rede de Comunidades e Comunidade de Comunidades.   

O tema central da AIP foi trabalhado em sessões que se concentraram no sábado, 15 de outubro. O primeiro desafio apontado observou a necessidade de ações que fomentem a “implantação, formação e atuação de líderes e demais participantes das comunidades eclesiais missionárias”. Nesse contexto, o Pe. José Carlos apresentou bibliografia que pode ser usada como “manual” para a coordenação de iniciativas. Objetivo, função e missão também são aspectos a serem trabalhados para que a proposta não seja uma “imposição”, mas um processo que conduza à vivência do sentido de pertença.

Sobre esse aspecto, foi sublinhada a necessidade de conversão pastoral das lideranças e um real compromisso com a mudança das estruturas. O método do “ver, julgar e agir”, consagrado em diversas iniciativas pastorais da Igreja, foi sugerido como itinerário para fundamentar a implantação das CEM´s. Ainda sobre essa etapa, o assessor da AIP destacou a conversão pessoal como “pedra fundamental” de toda a ação. “Quanto mais claro for para nós o que são as comunidades eclesiais missionárias mais pessoas motivadas a tornar realidade encontraremos em nossas comunidades. Quanto mais clara for a proposta, mais adesão haverá”, disse o presbítero.

Os conceitos de conversão pessoal, pastoral e de mudanças de estruturas inclinou as discussões ao Documento de Aparecida (que precisa, segundo o Pe. José Carlos, ser revisitado e plenamente efetivado nas mais diversas realidades eclesiais). Outro subsídio fundamental para a implantação das CEM´s (e para a manutenção das mesmas) são as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019 – 2023 (DGAE). A Conferência Nacional dos Bispos aponta quatro pilares a serem considerados nesse processo: a Palavra, o Pão, a Caridade e a Ação Missionária. “Eles dão a estrutura necessária para os caminhos propostos. A formação das pequenas comunidades missionárias alicerçada nos quatro pilares pode ser vista como a base de uma casa”, exemplificou o assessor.

Em outra esfera, para que as CEM´s personifiquem, de fato, a “Igreja em saída” que se pretende, as lideranças devem ser bem formadas, apoiadas com subsídios e incentivadas a multiplicar seus carismas. Nesse sentido, é preciso acontecer um aprofundamento na compreensão do ser Igreja hoje. Não compreendemos ainda totalmente a eclesiologia conciliar e isto interfere na concepção do que é ser Igreja e de como queremos ser Igreja missionária. Precisamos compreender nossa natureza, essência e missão eclesial, pois, somente assim acontecerá a conversão e a transformação pastoral necessária”, sublinhou o padre.

Nas sessões seguintes, a partir de perguntas apresentadas pelos participantes, verificou-se que as CEM´s encontram-se em estágios diferentes em cada uma das Igrejas Particulares do Estado de São Paulo, mas que, em comum, está a disposição a uma acolhida capaz de gerar pertencimento. “A casa é o lugar do acolhimento, o lar é o lugar da família. A Igreja se enfraquece quando a dimensão da acolhida é esquecida. A casa é lugar da pertença. A Igreja é o lugar onde as pessoas se sentem parte, quando ela não se sente parte ela é enfraquecida. A casa é o lugar do amor. A Igreja é o espaço da ‘amorização’, é o espaço dos laços, da proximidade. Quando não sentimos falta das pessoas, não nos damos conta da sua existência e da pertença, não fazemos comunhão. A casa deve estar sempre de portas abertas”, sublinhou o presbítero ao associar o contexto das DGAE 2019/2023 ao modelo de uma casa.

Na etapa final da partilha, o Pe. José Carlos ofereceu indicações práticas para o enfrentamento dos desafios impostos à implantação das CEM´s. “Quanto ao Serviço, criar centros de escuta, assistência aos empobrecidos, participação nas políticas públicas. Quanto ao Diálogo, promover a proximidade e escuta externa e internamente nas comunidades. Em relação ao Anúncio, na promoção das missões

populares, e o fomento da pastoral bíblica, no fortalecimento da catequese, como o de adultos. Quanto ao Testemunho de comunhão, trata-se de organizar as paróquias como rede de comunidades, uma comunidade de comunidades. Estamos vivendo o processo sinodal como um processo de escuta valioso”, completou.

Nesse contexto foi feita, a partir de experiência da Diocese de São José do Rio Preto, a apresentação da Revista Igreja em Rede. A publicação acompanha as CEM ao apresentar temas e propostas de encontros. “É preciso produzir subsídios, material próprio, que fomente os caminhos necessários”, concluiu o Pe. José Carlos Pereira.


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